17.6.07

A minha pequena nuvem branca

Estava sentado na minha pequena nuvem branca. Como todas as outras nuvens, a minha pequena nuvem branca suspendia-se graciosamente no imenso éter celeste. Como todas as outras nuvens, a minha pequena nuvem mudava constantemente de tamanho e os seus contornos seguiam uma qualquer lei aleatória. A minha pequena nuvem era fofinha, como todas as nuvens o devem ser, era também confortavel e revigorante. Nela recuperava as minhas cores e afundava os meus temores ou horrores. Tentava nunca sair dela, mesmo quando me embriagava na realidade frenética das grandes cidades. Exasperava quando abandonava a minha pequena nuvem branca e ficava exposto à delirante marcha dos ponteiros e dos inúmeros rituais cosmopolitas. A minha pequena nuvem nunca me abandonou. A minha pequena nuvem viverá sempre comigo, nem que seja apenas no meu imaginário.