13.3.05

O sorriso encondido

No outro dia cruzei-me com a sorte. Cruzei-me com pouco mais de dez pedaços de tempo, de inocência e de criança. Por entre as frestas dum cabelo negro, num rosto interrompido por raios de sol apagados, numa ninfa de talvez uns 18 anos, ví um sorriso escondido. Ela caminhava em cima da pressa do mundo e ela escondia o seu sorriso. Ela escondia-o das pessoas da rua e dos olhos que não conhecia. Como um reflexo primario, sorrí também. Invejei-a. Ela estava sozinha e sorria. Não sei se ela continuou a sorrir mas eu continuei por mais alguns pedaços de tempo. Tentava hipnotisar outro peão e outro e outro mas não consegui. O meu sorriso diluia-se nos passos que dava e nos olhos que fugiam. Cansado, o meu sorriso escondeu-se, tal como o dela. Adormecido, o meu sorriso abrigou-se dentro de mim e deambulou sem destino nas minhas memórias.

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