8.3.05

Poema de mim mesmo (excerto)

"Às vezes chove lá fora. Imagino que o oiço. O meu rosto, ferido de sono, aberto. De quantas formas diferentes terei adormecido? Quem poderia ter evitado deitar-se sobre uma ferida recentemente aberta? Correm cavalos lá fora, e cães e pássaros. Em círculos, como os radares. E eu pertencia a mim mesmo, habitava o meu corpo. Suportava-o. Misturavamo-nos como dois amantes, ele o rio, eu o mar, ele a chama, eu o lume, em combustão espontânea, deitados para dormir, eu à sua espera, ele reconquistando forças, eu conquistando países, percorrendo planícies e desertos, plantando padrões em sonhos oceânicos."

João Oliveira

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