4.2.05

A ilha das lembranças

Remo e depois nado. Tento fugir das sinapses da memória, dos fragmentos. Quando comecei, atravessei com cuidado o fragil caminho desenhado na areia. O caminho que nos une de volta à racionalidade. Percorri-o catalisado pelas mais diversas vivências. Uma expansão, diria. Um reflexo do cérebro primitivo, emotivo, aquele sobre o qual temos pouco controlo. Lá, misturo os segundos avulsos numa culinária recheada de sabores e desamores. O fragil caminho desenhado na areia dílui-se aos poucos. Desaparece. O cérebro que apelidamos de racional perde. E a maré sobe. Rodeado de água por todos os lados, estou preso na ilha das lembranças. Mas não sofro. Rodeado de água por todos os lados, remo e depois nado. O delicado equilibrio psicossocial restabele-se mas cada vez mais deslocado para o lado do controlo. Navego sem receios porque já sei para onde ir. Nunca me perco, todos os caminhos vão dar a racionalidade. Às vezes, fico sentado na ilha das lembranças à espera do casamento entre o pôr-do-sol e a maré baixa para poder embriagar nos últimos raios de luz. Num segundo avulso, uma imagem. Penso, remo e depois nado.

2 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

"psicosocial" está mal escrito. Penso que não há um consenso universal, mas ou se opta por "psicossocial" ou "psico-social".
De qualquer maneira, gostei bastante; mar, paixão são duas "coisas" que eu usaria para te caracterizar....

1:19 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Não será minha intenção corrigir o que quer que seja do meu amigo VICKS (mais conhecido por aranha), mas sim, alerta-lo para essa mesma ilha das lembranças. Essa Ilha que apelidaste de “Lembranças” apenas são lembranças, que passa pelo acto ou efeito de lembrar, surgindo sempre que nós necessitamos de recordar, quer pela falta de algo, quer pela saudade que nós temos de algo. Fazes falta por cá…..

Crukys

9:16 da tarde  

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